A definição de consciência fonológica é complexa, uma vez que abrange habilidades que vão desde a simples percepção global do tamanho das palavras e/ou das suas semelhanças fonológicas, até à segmentação e manipulação de sílabas e fonemas. Ainda assim, é possível defini-la como “a capacidade de identificar e de manipular as unidades do oral.”. (FREITAS et al, 2007)
Ao contrário do que sucede aquando da aquisição da fala, a aprendizagem da leitura e da escrita não é inata e natural. Estas competências necessitam ser trabalhadas e estimuladas, sendo que este processo parte de uma fase inicial, onde se promove a reflexão acerca da oralidade e o treino da capacidade de segmentar a cadeia de fala. Assim, é essencial, desde cedo, a promoção, por parte da escola, para a sensibilidade aos sons da fala, ou seja aos aspectos fónicos da língua, de modo a que a criança desenvolva a sua consciência fonológica.
O trabalho e treino ao nível da consciência fonológica têm como objectivo realizar uma aprendizagem da leitura e da escrita bem sucedida, uma vez que esta depende directamente do desempenho da criança ao nível da oralidade. Assim é possível prevenir o insucesso escolar, reduzindo as dificuldades sentidas ao nível da leitura e da escrita. No entanto, e como em qualquer treino, é fulcral que seja tomada uma atitude disciplinada através da sistematicidade e da consistência na metodologia aplicada para o desenvolvimento desta competência.
A consciência fonológica da criança manifesta-se através da aptidão da criança para isolar uma palavra num enunciado oral e a aptidão de identificação das unidades fonológicas no interior da palavra. Esta competência ramifica-se em três tipos:
“ ao isolar sílabas, a criança revela consciência silábica;
ao isolar unidades dentro da sílaba, revela consciência intrassilábica;
ao isolar sons da fala, revela consciência fonémica ou segmental. “
(FREITAS et al, 2007)
É vulgar, na nossa língua, a divisão errada das palavras dentro de um enunciado oral. Tal facto dá origem a enunciados escritos igualmente errados, revelando, deste modo dificuldades na identificação das fronteiras de palavras. Apesar de muitos destes casos serem praticamente inexistentes aquando a entrada no 1º ciclo, não deixa de ser urgente o seu trabalho neste nível de escolaridade.
Uma criança, falante de português, está apta para decompor uma palavra em sílabas, mesmo antes de saber que o faz. Assim é possível afirmar que a consciência silábica é a primeira a iniciar o seu desenvolvimento, uma vez que as primeiras tentativas de escrita revelam uma natureza intuitiva para esta unidade.
A consciência intrassilábica, assim como a fonémica, revelam um desenvolvimento mais demorado, sendo ambas quase inexistentes aquando a entrada para a escola, uma vez que a sua sensibilidade para determinados aspectos característicos destas consciências não está, ainda, desenvolvida.
Tendo em conta o que a criança já “traz” para a escola, é fundamental que o seu treino se inicie por aquilo em que se encontra mais desenvolvida, abrindo caminho para outros níveis. Ou seja, seguindo esta ordem, a consciência silábica, consciência intrassilábica e consciência fonémica.
Existem inúmeros tipos de exercícios passíveis de serem realizados pelas crianças, com o objectivo de desenvolver a consciência fonológica. No documento que se segue deixamos três planificações de tarefas realizadas por nós. Note-se que apesar de serem de nossa autoria foram baseadas em tarefas já existentes de outros autores.
Relacionando a nossa prática pedagógica com estas actividades, e em particular com a actividade denominada ‘Dominó em sílabas’, o público-alvo para quem se destina esta actividade poderá ser mais baixo, ou seja, de acordo com as características da turma onde estivemos no contexto de 1º Ciclo, esta turma apresenta competências ao nível da consciência silábica e ao nível da leitura que lhes permite desenvolver, sem grandes dificuldades, tal actividade.
Desta situação retirámos uma grande aprendizagem, pois é na prática que conseguimos aperceber-nos e adequarmos os materiais que realizamos, sendo que para nós era uma grande dificuldade tentar direccionar esta ou aquela actividade para um público mais específico.
A todos um bem haja,
Ana e Inês
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FREITAS, Maria João; ALVES, Dina; COSTA, Teresa (2007). O conhecimento da Língua: Desenvolver a consciência fonológica. PNEP.
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