Ao contrário do que acontece com a língua oral, a leitura e a escrita surgem como competências que têm de ser ensinadas, pelo que a escola tem um papel fundamental.
A aprendizagem da leitura exige, por parte do indivíduo, motivação, esforço e prática, uma vez que é um processo contínuo que requer o domínio da tradução de sons em letras, pelo que o indivíduo quando aprende a ler deverá ser capaz de transformar a informação do registo escrito.
A sociedade de hoje requer mais exigência na componente literária, todavia os baixos níveis de literacia e a ausência de hábitos de leitura por parte dos cidadãos são bastante mencionados nos media. Este problema social poderá ser atravessado se existir, por parte da formação de professores de português, o gosto pela leitura e o seu empenho.
O ensino da leitura envolve, da parte dos professores, um conhecimento elevado da língua e uma sólida compreensão dos conceitos implícitos no desenvolvimento das competências de compreensão e expressão oral. A proposta que surge a partir da formação remete para a formação de profissionais para o ensino da leitura através da articulação entre a teoria e a prática, ou seja, integrar os conhecimentos que detêm aplicando-os nas suas actividades pedagógicas.
Aprender a ensinar requer, simultaneamente, lidar com a aprendizagem do ponto de vista do que aprende a ensinar e do que aprende quando se ensina. Assim, é possível reflectir sobre o acto de aprender a ensinar e, posteriormente, consciencializar de como se processa a aprendizagem.
Sendo a aprendizagem um processo de aquisição de conhecimentos que se desenvolve ao longo da vida, nos adultos, a aprendizagem, por vezes, é atraiçoada pelo conhecimento prévio erróneo.
Aquando do início de uma formação têm-se como ponto de partida, as concepções que os formandos têm sobre as experiências de leitura. A partir daí, é importante desmontar estas noções para que desenvolva um conhecimento eficaz. Posto isto, é a partir do conhecimento estruturado e de conteúdos específicos que o professor poderá aplicar estratégias pedagógicas apropriadas de acordo com as necessidades dos seus alunos.
Na aprendizagem da leitura o professor é um elemento crucial, pois deverá ajudar a criança a desenvolver estratégias de leitura que lhe permitam extrair do texto um sentido e um significado e implementar hábitos de leitura, fulcrais ao desenvolvimento pelo gosto e prazer da leitura.
Ensinar a ler exige uma constante actualização teórica, fundamentada na investigação e numa, posterior, reflexão do acto de ensinar a ler, sem nunca esquecer o gosto que o professor deverá ter pela leitura. Deste modo, a articulação de dados entre a investigação e a prática deverá ser mediada pelo conhecimento que o professor já tem adquirido, pela experiência que acarreta e a sensibilidade deste para com as necessidades do seu grupo.
Nos séculos passados, o ensino da leitura tinha como intenção o desenvolvimento, na criança, de capacidades de discriminação visual, de forma a que estas dominassem os traços das letras e, assim, ficassem ‘prontas para ler’. Com os trabalhos apresentados por Chomsky, a partir de 1965, sobre o desenvolvimento da linguagem oral relacionada com o desenvolvimento da linguagem escrita, veio modificar as ideias até então criadas. Neste sentido, as investigações sobre o desenvolvimento da linguagem oral e a aprendizagem da leitura têm vindo a mostrar a relação de interdependência que ambas criaram e que não pode ser esquecida no ensino da leitura.
A aprendizagem da leitura apresenta alguns determinantes de sucesso, tais como, o nível de conhecimento da língua oral, o nível da consciência linguística e o conhecimento dos princípios que regulam a escrita.
A diversidade linguística presente nas escolas conduz a um insucesso no ensino-aprendizagem da leitura, pois existe um desconhecimento, por parte dos professores nesse campo. Uma forma de combater este insucesso é estudar investigações em países onde a massificação da educação ocorreu e tentar transpõe esse conhecimento para as ‘nossas’ escolas.
É importante articular a formação à investigação, na medida em que o professor deve estar prevenido com instrumentos que lhe permitam perceber o decurso das pesquisas do seu ramo, o que até o poderá ajudar nas suas práticas.
A intencionalidade de uma prática remete para o resultado do objectivo que se pretende atingir, tornando-se determinante na consolidação de aprendizagens. Desta forma, no caso particular da formação em questão, para uma prática intencional é necessário: momentos de exercício pessoal de práticas de leitura e simulações de actividades no âmbito das mesmas; momentos de observação de boas práticas; e por fim, momentos de actividades de prática escolhidos e implementados pelo formando.
No ensino da leitura, é importante articular os conhecimentos teóricos dos vários domínios do tema em questão, de forma a culminar toda essa informação sobre a leitura e o seu ensino através de actividades práticas, no sentido de auxiliar as crianças a resolver um problema, cuja base será a extracção de significado do registo escrito.
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